Não me culpo, nem a ele por mais que deseje a escrita dos seus olhos Nem florbela, Hilda ou Adélia outro cantante, contador... nenhum senhor será capaz de cantar a minha loucura - asmática,
Que ele me beije a pálpebra, o sonho, como quem beija a própria casa.
(Porto Alegre, inverno de 2009)
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Se eu na costura da tua linha não encaixasse como saberia a qualquer tempo quando repousas teus cabelos em minha pele e o compasso das tuas vogais deliciosas que suspiras em meu ouvido? Não poeta, não suplica o que já é abismo.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Ando devagar Nem para discordar Não tenho disposição Ando devagar Chove tanto esses dias Estão lavando as estradas Não estou triste Não tenho nada Apenas a janela embaçada
Não foi um encontro Foi um esbarrão Nada de romance Nem de olhares ao chão Uma raiva talvez Tava atrasada Final de mês No outro dia quem diria Você estava lá Cheguei a achar que era perseguição Mas sei lá qual razão Fez-me frear E agora não sei nem o que fazer Foi ficando de vez No meu lugar Tanto que me acostumei Ao olhar pro meu canto E atirar-me ao seu lado.
Era sabido pelo batizado de uma fala sem rima ficou acostumado E do ritmo que lhe cabia ganhou o apelido do seu agrado Arrastão no forró era convidado Não era de proezas como os cabras e seus achados João acordava mudo e deitava-se calado.
Arranho as rendas suspeito do preço dos teus carinhos Mãos que passeiam, consumismo pleno Alinhando meu corpo em um jogo cênico por gula, vaidade, veneno.
Eu quero fazer um samba pra você Fiquei feliz ao ouvir essa Quero ver você balançar... Olhei ele melhor depois dessa Você vai ser a minha única rainha! Gargalhei por dentro, com esta o samba começou a soar falso!
Todos os pecados, todos os palavrões, todos os sonetos, e todas as outras heresias, se fossem minhas, eu te daria. Ainda que eloqüentemente disfarce essa loucura ao te ver sorrindo, um sorriso assim contente.
Cantaria uma peça de Shakespeare, em uma sinfonia de passarinhos, como um solo lírico dessas Óperas que tu gostas. E assim, sem mais nem menos, de amor eu passaria a chamar-te de paixão, em plena luz do dia, na calçada, nua.
Hoje eu quero fazer um samba Quero subir a ladeira alinhar as minhas coxas com as das moças lá do morro Cada verso que eu faço Perco o tempo do dinheiro Mais nobre me sinto Dama com cavalheiro Quero um samba bem partido com balanço e com gingado Um andar assim marcado Um coração arrebatado Pelo sonho favelado Comprar vestido bem colado Ser a rainha da escola Uma gata boralheira com seu castelo encantado Mas do que vale esse passeio, se não tenho o tempero das moças lá do morro...
Sou poesia, daquelas feitas por Deus. Nasci de rabisco, da costela, das lágrimas e de sorrisos, sim de vontade e amor também. Permaneci aqui por chantagem, por pecado e por abandono, talvez.
Não sou partícula de uma explosão, sou a própria explosão, as galáxias moram em mim. A noite e o dia revesam a guarda do meu sono.
Você já se olhou no espelho hoje?
Eu estou ali, nos teus traços, nos teus laços, poderia estar no teu ventre ou no teu braço.
Como pedaço teu que te procura.
terça-feira, 18 de março de 2008
Servi a janta, Enquanto meu marido enchia a sua pança Senti que faltava-me algo, Recorri ao velho armário Encontrei o Mário! Assoviando ainda mesmo que empoeirado Cantava encantos daqueles arrendodados Ele realmente não estava nem aí Concordamos plenamente sobre o verso bem sabido, como aquele que dizia:
"poesia deveria ser sermão" Pobres coitados colocando-se como Deuses.
É Mário você tinha razão, eles passarão Você não!
Meu marido? vou colocar para pegar um pouco de pó, dizem que quanto mais velho melhor.
domingo, 16 de março de 2008
Ontem fiz até um samba dos meus sonhos, foi como conceder-me a última dança, o fim de um reinado, e nem foi tanta tragédia assim, apenas algumas doses sem gelo. Estado solúvel se não fosse o tempo.
Como uma grande tempestade sem água, a realidade partiu-me como um raio, a consciência completou os trabalhos. E eu que por algumas linhas haveria escapado, passei no branco de mais um dia.
-Sem palavras-
Apenas com o velho silêncio, costurando retalhos...
terça-feira, 11 de março de 2008
Eu sou a flor morta, seca e murcha.
Eu sou a flor cinza! Esse astro que invade?
É apenas mais um sol de abril, que nasce! Em atropelos ao meu corpo, passam as folhas bailarinas,
Sobrevoando com saudade telhados e esquinas. E eu continuo inerte, imóvel, fria.
Sem caule, sem cheiro,
Assim como poeira escondida!
Como promessa não cumprida,
Choro, uivo, grito,
Melancolia!
Mas meu pranto,
em Outono, é apenas
Ventania!
sábado, 8 de março de 2008
Dos meus poemas:
Da feiticeira à cortesã
Das putas às crentes
Das dores pungentes
Das águas ardentes
Dos amores cadentes
Da desgraça da gente,
Meus poemas mentem..
Mergulho
Sensibilidade (en)cravada Não sobrou-me nada das velhas cores rasas São os dias vermelhos Sádico vinho que bebo Gostas que engolem, As vontades adormecidas Afundando-me no lago Da profundidade infinita Raios que cortam, águas frias Minha carne temperada com menta Sorrisos de um último trago Estou servida à mesa Mas as mágoas são fortes E a minha morte, lenta.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Como piada contada do avesso,
declamei a vista do teu endereço.
Quantos sorrisos pairam no ar...
se você vive perto do céu,
e eu estou no nível do mar?
quinta-feira, 6 de março de 2008
A distância,
Da noite para o dia faz
Saudades, o que foi ou o que ia.
Mas em todo o final da linha
Guarda-se um segredo
Desses de menina,
Um mistério que faz do feio, belo,
E do choro, um ponto de partida. Desconfio logo que seja a culpa,
por saber que, de perto, não suportaria.
domingo, 2 de setembro de 2007
Depois do carnaval, o brasileiro, incluindo eu, entra em um luto velado, por mais que o discurso seja empolgado, e já está sabido e sacramentado que o trabalho enobrece, perdemos com data marcada, nosso reinado.
Chuva e sol perdem a rima, são os dias de março que se arrastam, como uma grande segunda-feira do ano. Depois da alegria, que de certo, é pecado, semana santa, cada um com a sua cruz, em pleno mormaço..voltam à cantar, é feriado.